quinta-feira, 11 de março de 2010

BIBLIOTECA "EMPRESTA" PESSOAS

Vejam que iniciativa interessante para ajudar a quebrar preconceitos: uma biblioteca que 'empresta' pessoas dos mais variados tipos, junto com os livros solicitados. Assim, se alguém quiser saber algo sobre homossexualidade, pode 'emprestar' um(a) homossexual para enriquecer os conhecimentos de determinado livro sobre o tema. O mesmo se aplica a qualquer outro tipo de pessoas, sempre relacionadas à leitura que interessar em dado momento.
Quer emprestar um búlgaro ou uma lésbica? Estas são algumas das opções oferecidas pela Biblioteca Viva de Istambul. Não é uma biblioteca típica – ali você pode tomar pessoas emprestadas ao invés de livros e, no processo, começar a confrontar seus preconceitos.
Dorian Jones
A ideia de bibliotecas vivas surgiu na Dinamarca e se espalhou pelo mundo na última década. A mais recente, em Istambul, funciona da mesma maneira que as outras. Os visitantes têm um catálogo de 'livros' – na verdade pessoas – e podem se sentar para uma conversa de meia hora com seu escolhido. E há muitas opções, como explica a diretora da biblioteca, Mere Israel: ”Temos diferentes 'títulos' disponíveis. Temos grego, esquizofrênico, bissexual, árabe, funcionário de ONG, soropositivo, lésbica, transexual, armênio, curdo e alevita.
'Mercadoria' A biblioteca expõe sua 'mercadoria' em diversos eventos culturais na Turquia, na esperança de encorajar os visitantes a combater a discriminação e o pensamento estereotipado. Anol Celcik, de 21 anos, optou por tomar um armênio 'emprestado': "Queria saber sobre outras pessoas; pessoas que têm um estilo diferente de vida. Eu e meu amigo escolhemos um armênio porque existeum problema aqui na Turquia com os armênios", ele explica. "Eu simplesmente queria conhecer um armênio porque nunca conheci um antes, eles são uma comunidade muito fechada. Embora existam mais de 60 mil armênios vivendo na Turquia, nós nunca os vemos e não temos ideia como eles vivem, como falam e como se sentem com respeito a todos os problemas. Por isso vim aqui para encontrar alguém da Turquia, de origem armênia."Preconceitos Os 'livros' são voluntários e eles também se beneficiam da idéia. O 'livro' armênio que Celcik escolheu é a jovem Bahsi, de 22 anos, que ficou surpresa com o número de pessoas querendo conversar com ela. "Foi uma grande surpresa para mim que as pessoas viessem e dissessem que gostariam de me entender. Normalmente a idéia das pessoas sobre nós é formada pela mídia e pelo sistema de educação, que com frequência mostra uma imagem errada e preconceituosa", comenta Bahsi."Mas o mais bonito é que depois de pouco tempo nossa conversa se transforma em um gostoso bate-papo. Quando você fala com as pessoas,você percebe que os preconceitos não são tão incrustados assim e, depois de meia hora conversando, saímos tendo compartilhado tantas coisas, não só a questão armênia. "Mágica Celcik e Bahsi ficaram 20 minutos conversando. No final, ele disse que descobriu que Bahsi se sente da mesma maneira que ele sobre muitas coisas – um exemplo da Biblioteca Viva atingindo seu objetivo de quebrar preconceitos. E com a sociedade turca profundamente dividida em tantas questões, incluindo etnia e religião, os organizadores esperam que a biblioteca faça sua mágica com muitos outros leitores nos próximos meses.

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